segunda-feira, 3 de julho de 2017

Palladium completa 50 anos de muitas histórias

Nos anos 70, 80 e 90, o Cine Palladium era marcado pela 
qualidade de som e projeção e pelo conforto.

Publicado originalmente no site Hoje em Dia, em 07/02/2013.

Palladium completa 50 anos de muitas histórias
Paulo Henrique Silva.

Reza a cartilha dos relacionamentos amorosos que o primeiro encontro deve acontecer num lugar marcante, para causar boa impressão no pretendente. O Palladium cumpriu esse papel por três décadas (70, 80 e 90), como a casa preferida dos namorados.

Prestes a completar 50 anos, em 31 de julho, o cinema localizado na rua Rio de Janeiro, hoje transformado em centro cultural, não só deixa saudades nos casais apaixonados como também entre aqueles que exigem conforto e qualidade de projeção.

Luxo

A sala já nasceu com uma vocação superlativa, tornando-se imediatamente o cinema mais sofisticado de Belo Horizonte. "Tinha o ingresso mais caro na época. Mas era um luxo só: o chão e as paredes eram atapetados na cor vermelha e os funcionários tinham que trabalhar de terno", lembra Marcelo Amâncio, projecionista do Palladium durante os anos 80.

O pesquisador e professor de cinema Ataídes Braga destaca que, até 1999, quando foi fechada pelo grupo Cineart, a sala foi a mais importante de Minas Gerais. "Além do seu tamanho, com dois mil lugares, foi o primeiro a seguir o modelo americano de suntuosidade: grande, bonito e confortável", observa.

A programação seguia esse padrão, buscando o meio termo entre produções comerciais e de preocupação artística. "Os proprietários tinham um cuidado maior com o Palladium. Era o xodó deles. O cinema recebia os filmes em primeira mão, que depois circulavam pelas outras salas da cidade e do interior", recorda Valdir Guimarães, que também trabalhou como projecionista da sala.

Público exigente

Ele assinala que ônibus especiais paravam na porta da sala trazendo espectadores de outros municípios. Aconteceu com "Ghost" (1990), que ficou seis meses em cartaz na sala, e com "Titanic" (1997), possivelmente o último filme a lotar o Palladium. "O público era mais exigente que o dos outros cinemas. Até mesmo a música ambiente era selecionada".

O som, por sinal, sempre foi motivo de orgulho. "Tinha a melhor acústica da cidade, o que acabou se perdendo após o incêndio de 1972, quando tiveram que abrir uma porta lateral", registra Braga.

Um episódio marcante aconteceu dois anos após a sala pegar fogo, durante a projeção de "Terremoto". Moradores vizinhos se assustaram ao sentir o chão tremer. "Adaptamos caixas de som no caixão, com os fios passando por baixo do carpete. As pessoas ficavam com medo", esclarece Guimarães.

Pesquisador cobra espaço para a 7ª arte

O Palladium foi, durante suas primeiras três décadas, a segunda maior bilheteria do país, só perdendo para outro cinema de Belo Horizonte, o Brasil. Esses dados serão compilados num livro preparado por Ataídes Braga.

Segundo plano

O pesquisador lamenta que o Sesc tenha posto o cinema em segundo plano, com exibições em vídeo e problemas de acústica. "Por que não exibem os filmes no Grande Teatro, em duas sessões na parte da tarde? Isso não atrapalharia em nada os espetáculos da noite", sugere.

Milena Pedrosa afirma que há um estudo para aquisição de equipamento de cinema, mas não há definição ainda sobre viabilidade e prazos. "É uma ironia o fato de a melhor sala da cidade tratar tão mal o cinema", critica Braga.

Texto e imagem reproduzidos do site: hojeemdia.com.br

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